Setembro é mês da Bíblia
“Discípulos Missionários a partir do evangelho de Marcos”: esta é o tema para o mês de setembro deste ano. O estudo do Evangelho de Marcos agregado com o Projeto Nacional de Evangelização, que tem como meta um Brasil na Missão Continental.A escolha do Evangelho de Marcos se deu em sintonia com o ano litúrgico que estamos vivenciado, o que nos possibilitará percorrer os cincos aspectos indispensáveis do processo de formação do discípulo missionário: o encontro com Jesus Cristo, a convenção, o discipulado, a comunhão fraterna e a missão.
“O discípulo de Jesus precisa ter coragem para segui-Lo, para buscá-Lo, e neste tempo em que ainda há muitos excluídos, o cego do evangelho de Marcos nos ensina o que é enxergar de verdade. Jesus nos ensina uma lição através do cego: um novo jeito de olhar a vida! Largar tudo o que tem e seguir a Jesus também é um desafio que o cego propõe a nós”, disse o padre José Adriano, sacerdote da diocese de Guanhães, MG.
O lema “Coragem! Levanta-te! Ele te chama!” (Mc 10,49) é uma expressão presente na narrativa da cura do cego Bartimeu. “Depois de repreender o cego, os discípulos agora obedecem a Jesus e o chamam. No nosso contexto ela soa para nós como um chamado também, às vezes nós chamamos e outras vezes, somos chamados. Para nós revela-se esta dupla missão”, disse o sacerdote.
No Brasil é uma tradição celebrar em setembro o “mês da Bíblia”. Este mês foi escolhido pelos bispos brasileiros em razão da festa de São Jerônimo (340-420), secretário do Papa Dâmaso e por ele encarregado de revisar a tradução latina da Sagrada Escritura, celebrada no dia 30.
“Ao celebrar o mês da Bíblia, a Igreja nos convida a conhecer mais a fundo a Palavra de Deus, a amá-la cada vez mais e a fazer dela, a cada dia, uma leitura meditada e rezada. É essencial ao discípulo missionário o contato com a Palavra de Deus para ficar solidamente firmado em Cristo e poder testemunhá-Lo no mundo presente, tão necessitado de Sua presença”, disse o presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida, SP, dom Raymundo Damasceno Assis, no ano passado.
“Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo. Se queremos ser discípulos e missionários de Jesus Cristo é indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus. É preciso fundamentar nosso compromisso missionário e toda a nossa vida cristã na rocha da Palavra de Deus” (Documento de Aparecida 247).
O autor da obra que narra o ministério de Jesus
Marcos era judeu e de uma família tão cristã que sempre acolheu aos primeiros cristãos em sua casa: “Ele se orientou e dirigiu-se para a casa de Maria, mãe de João, chamado Marcos; estava lá uma numerosíssima assembléia a orar” (At 12,12).
A tradição nos leva a crer que na casa de São Marcos teria acontecido a Santa Ceia celebrada por Jesus, assim como dia de Pentecostes, onde “inaugurou” a Igreja Católica. Encontramos na Bíblia que o santo de hoje acompanhou inicialmente São Barnabé e São Paulo em viagens apostólicas, e depois São Pedro em Roma.
São Marcos na Igreja primitiva fez um lindo trabalho missionário, que não teve fim diante da prisão e morte dos amigos São Pedro e São Paulo. Por isso, evangelizou no poder do Espírito Alexandria, Egito e Chipre, lugar onde fundou comunidades. Ficou conhecido principalmente por ter sido agraciado com o carisma da inspiração e vivência comunitária, que deram origem ao Evangelho querigmático de Jesus Cristo segundo Marcos.
O chamado dos primeiros discípulos: “Siga-me”
O Evangelho segundo Marcos, provavelmente, foi o primeiro texto da catequese das primeiras comunidades. Ele tinha como principal finalidade responder à pergunta: “quem é Jesus?” e ao mesmo tempo mostrar o que significa ser discípulo.
Os textos para a nossa reflexão (Mc 1,16-20; 2,13-14) têm como cenário a Galiléia. Nesta região cruzavam-se importantes estradas que se dirigiam por todas as direções. É considerada uma terra pagã, pois sua população é bem mesclada entre gregos e os povos da região, resultado de inúmeras invasões. Por isso, é vista com desprezo e desconfiança e na época chamada de a Galileia das nações ou dos pagãos. Porém, para o Evangelho de Marcos é uma região importante, visto que a maioria dos acontecimentos ocorreu na Galiléia e foi lá que Jesus passou a maior parte de sua vida e de seu ministério.
Quem é Jesus? “Tu és o Messias”
A pergunta “quem é Jesus” (cf. Mc 8,27) é o centro do Evangelho segundo Marcos, ponto de chegada da primeira metade do Evangelho. Essa pergunta nasce da necessidade da comunidade de conhecer Jesus, para melhor segui-lo. Dentro da comunidade havia vários questionamentos sobre a pessoa de Jesus. Uns acreditavam que ele fosse João Batista; outros que ele fosse Elias; e outros, ainda, um grande profeta. Por isso o evangelista vai delineando a identidade de Jesus por meio das suas palavras, de suas ações e atividades, para que a própria comunidade pudesse responder a essa pergunta.
“Mestre que eu possa ver novamente”
Jesus atende à súplica do cego que grita por ele, não obstante à repreensão dos que o acompanhavam, e chama-o. O cego deixa o manto. Isso é revelador se considerarmos que o manto é figura da própria pessoa; era também o que ele tinha para cobrir o seu corpo, a sua segurança. Ele então deixa de lado, de algum modo, sua vida e sua segurança. Com esse gesto O evangelista indica que o cego/discípulo cumpre agora as condições do seguimento: Ele deixa tudo para seguir Jesus, aceitando carregar a cruz e disposto, se preciso for, a dar a vida.
Aonde nos leva o medo? Como vencer o medo?
Lendo os últimos capítulos do Evangelho segundo Marcos, ficamos impressionados com as atitudes negativas dos discípulos em contraste com o dom total de Jesus. Os doze tinham vivido com Jesus durante um bom tempo, decididos a segui-lo até se realizar o Projeto do Reino de Deus que ele pregava. Jesus lhes tinha avisado o que os esperava: perseguição, sofrimento e morte. Mas também ressurreição.
Lendo, conhecendo e vivendo os ensinamentos da Sagrada Escritura
Apresentamos a seguir alguns conselhos para a vivência dos ensinamentos bíblicos: inicie o momento sempre com uma oração; comece pelos livros e textos mais fáceis; leia e medite um texto por dia; procure descobrir o contexto em que o texto foi escrito; anote na Bíblia os textos que mais chamam a atenção; quando se deparar com textos difíceis, passe adiante, deixando estes textos para quando participar de um curso ou quando encontrar pessoas que podem ajudar a explicar; atualize o texto para hoje: coloque-o em prática na vida.
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