segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Os pobres, é necessário ir buscá-los
A célebre parábola evangélica do bom samaritano (Lc 10, 29 – 37) se conclui com o convite de Jesus aos doutores da lei que tinha interrogado a propósito da vida eterna: “Vai e faz tu o mesmo” o segredo para possuir a vida eterna, que não é só para entender como a vida ultra-mundana, que se alcançará ao final do nosso caminho no tempo, mas como verdadeira vida, cheia de felicidade e de sentido já aqui sobre a terra, é: aproximar-se do outro, ver as necessidades do seu coração, fazer bater o nosso coração e lutar, com os meios que temos, para dar-lhes uma resposta.
É o segredo que tinha animado passo a passo o caminho do Pe. Luís Guanella para a máxima realização da vocação recebida em dom de Deus, para a santidade.
Ele não se contentou de dar “Pão e Senhor” aos órfãos e aos meninos sem recursos do seu tempo, ou aos idosos sozinhos e abandonados, ou aos portadores de necessidades especiais, acolhendo-os nas casas que a Providência de Deus e as ajudas econômicas dos benfeitores lhe davam a possibilidade e a satisfação de abrir; não esperava que os pobres batessem na porta das suas instituições, mendigando afeto e acolhida, mas andava ele a buscá-los: “Não chega receber os necessitados, mas ocorre também ir a buscá-los; os mais abandonados entre todos, recolhei-vos e coloquem a mesa convosco e fazei-vos vosso, porque estes são Jesus Cristo”. Com estas palavras exortava aos seus colaboradores a viver o ser próximo ao pobre não simplesmente como um dever moral, mas como um modo de viver e exercitar a fé. Como mística: nos pobres e nos sofredores é mais viva a imagem de Jesus Cristo. A eles nós devemos não só afeto de caridade, mas estima de veneração, porque mais de perto representam Jesus Cristo.
Pe. Guanella entendeu que o dom mais belo que podemos fazer ao pobre, ao necessitado, é o dom que ele mais espera de nós, antes ainda da comida para nutrir-se, do vestido para cobrir-se, e de uma casa que é o nosso coração aberto e disponível a cuidar dos seus problemas. O dom do nosso coração é mais vital de qualquer outra coisa porque permite ao necessitado de sentir-se amado e quando se sente amado por alguém, então a vida tem um sentido. Para todos é assim: quando não se sente amado, desaparece o sentido da vida.
Pe. Guanella viveu sua vida como uma exaltante aventura na busca do pobre para socorrê-lo, sem parar. Aos setenta anos, cheio de dores, atravessou o oceano e foi aos Estados Unidos da América porque sentia o chamado de Deus a levar as suas instituições naquelas terras; poucos meses antes da sua morte, não economizou si mesmo para socorrer a população do Abruzzo atingidos por um desastroso terremoto que tinha atingido 15.000 vítimas. Parou somente quando o Senhor o chamou para si para conceder-lhe o prêmio reservado aos servos fiéis: “Vem, servo bom e fiel; entra na alegria do teu Senhor”.
A leitura destas páginas não somente faça crescer dentro de nós a admiração pelo Pe. Guanella porque soube realizar na sua vida o Evangelho, mas nos encoraja também a viver a nossa vida, qual seja a vocação que o Senhor nos deu, como um “fazer-nos próximo”, como um caminho de “aproximação” ao outro, ao irmão necessitado. Descobriremos seu rosto, os traços do rosto de Jesus Cristo e o nosso coração será inundado pelo seu amor.
padre  Luciano Aguiar

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